Ruisinho:
- Acredita, que como português tenho orgulho que o Eng. Belmiro seja um empresário português. Apesar das suas birras, queixas, reclamações, protestos, ameaças, tudo muito à portuguesa, apesar disso… gosto dele. Há qualquer coisa na sua personalidade que me convence e que julgo ser : respeito pelo dinheiro, desinteresse pelas fortunas e amor pelas empresas. Quem criou a economia de mercado chamou-o e disse-lhe: criei este mundo para ti….vai…vive nele… e triunfa.
- E ele assim fez, mas ao fim de tantos de fazer, olhou à volta e nada mais viu que uma empresa, a sua empresa, a Sonai. Assim, naturalmente, tudo aquilo que não é bom para a Sonae, ou simplesmente não interessa, também não interessa e não é bom para mais ninguém. E, com a frontalidade que o caracteriza não o esconde: “não preciso de um TGV, o que era bom era um pipe-line Lisboa-Porto, também não é preciso a Ota que não é rentável e financeiramente não é oportuno”.
- E aqui temos um país que deixou de ser um país para ser uma empresa, a Sonae, do eng. Bemiro, e eu afianço-te que se o país fosse uma empresa era a ele que eu a entregava. Mas não é, por muitas razões mas agora só me interessa salientar uma: é que dentro da empresa do eng. Belmiro só cabem os seus empregados, enquanto que em Portugal têm de caber todos os portugueses. Quando o eng. Belmiro tem sérios problemas na sua empresa pode recorrer a um despedimento colectivo, ou individualmente, negoceia as saídas dos trabalhadores, enquanto o governo do país não pode despedir os portugueses ou negociar a saída deles para qualquer outro lado.
- Eu acho que, relativamente à Ota e ao TGV, a decisão mais fácil e talvez menos polémica era adiá-las. A maioria das pessoas iria perfeitamente compreender que se existem dificuldades financeiras, seria preferível deixar para outra altura obras de tão grande monta, alem de que é essa a opinião do sr, eng.Belmiro de Azevedo e a minha também era.
- Mas será que as soluções óbvias, fáceis, muito ponderadas, cautelosas, são as certas?
- De repente, fechei os olhos, saí deste mundo e regressei passados 15 ou 20 anos, sim, porque 10 anos é demasiada boa vontade, e nós já sabemos o que a casa gasta. Olhei lá de cima, para esta parte da Europa e vi toda a gente a andar naqueles comboios lindos de morrer que se deslocam como foguetões mas na horizontal e nós, portugueses, lá continuávamos com o mesmo aeroporto de há quase 100 anos atrás e a andar nos mesmos comboios.
- Sinceramente, fiquei desgostoso, frustrado triste, como os franceses quando souberam hoje que tinham perdido para os ingleses os jogos Olímpicos de 2012, e vai daí fui ter com o nosso 1º e disse-lhe: sr. Eng. esqueça lá o que o outro eng. disse, o Belmiro, tome todas as precauções e cuidados mas dê início à OTA e ao TGV., para que os seus filhos e os meus netos não se sintam inferiorizados relativamente aos filhos e aos netos dos outros.
Tio Quim
_________________________________________________
- Meu Bom Tio,
- O texto infra é da minha responsabilidade. Porventura, o meu tio terá opinião diversa do sr. Cravinho. Eu entendo que o sujeito a gerir gere tão bem que se fosse patrão do Estado leva-lo-ía à ruína em 2 meses. Ou menos, mesmo sem OTA e TGVs... Os portugueses já nem podem manjar batatas na terra - por isso acho de péssimo gosto prometerem-lhes ananases na Lua. Tudo tem o seu tempo debaixo dos céus... E este não é, definitivamente, o timing adequado para falar em altas velocidades - que contrastam com a vagareza das economia mas já acompanham com a brusquidão da carga tributária.. Enfim, uma teia de paradoxos à boa maneira "Xuxa-lista". Além da tecnologia ser quase toda importada. Gerando, consequentemente, mais desemprego intra-muros. E a indução de crescimento na economia seria lógicamente baixo. Em política ter razão muito antes - ou muito do tempo - é, pura e simplesmente - ridículo. O sr. Cravinho já pensou em retirar-se do Parlamento - donde parece estar colado com UHU - e experimentar entrar numa biblioteca. Faça-o e depois peça dois livrinhos de introito: um pode ser Keynes, depois - quando se sentir mais seguro na leitura pode pedir Schumpeter... Verá que terá mais proveito e a nós - tira-nos o turpor de o ter de gramar no Parlamento dizendo coisas que já vejo repetidas há décadas... Será que estes cromos não se enchergam..(ou será com "X")!? Apesar dos óculos parece que o homem não vê (ou não quer ver) a realidade. Será que é por causa do capacete - que lhe ofusca a visão...
- É que é pra já... Vemos João Cravinho a cravar o governo para criar mais um elefante branco. Agora a ideia é um absurdo. Daqui por 2/3 anos - quando a economia fizer o take-of - já fará, porventura, algum sentido. É que hoje as pessoas nem dinheiro têm para comer quanto mais para viajar. Mesmo em negócios. Porque não se aposta nos comboios de mercadorias... E daqui por uns tempos - quando os tugas viverem mais condignamente - pode-se pensar nisso. Agora será um desastre. O mimetismo mata-nos, e os estádios de futebol construídos pelo incendiário do país - hoje em Bruzelas - o sr. Durão Barroso - provam-no. Cada estádio daria para construir meia dúzia de hospitais (indispensáveis ao país), mas o lobi do futebol e da construção civil é uma tentação para os políticos fracos. Gueterres deu esse pontapé de saída, Durão inaugurou. Hoje temos Cravinho - que onde mete a mão gere até à ruína. Ele fala, fala, fala, mas parece-me que seria útil tirar um cursito de uma semana na Sonae com o engº Belmiro - para ver se o homem aprende a gerir de vez. Cravinho é daqueles que só deveria falar, nunca gerir. Há homens, contudo, que já fazendo mal uma coisa ameaçam destruir a outra. No caso do capacete já não sei bem qual das duas faz pior. Mas pfv não metam o Cravinho a gerir o que quer que seja. Nem uma loja dos 300... Já temos de o gramar no Parlamento a dizer sempre as mesmas "estórias"... Será que ele ainda pensa que estamos na fase das estatizações em massa...