Ruisinho:
- Ainda bem que nós só opinamos e não temos que decidir. Eu faço ideia das dúvidas e incertezas que têm de ser vencidas na fase de estudo e reflexão e que depois são ocultadas quando se comunica a decisão como se tudo tivesse sido sempre pacífico e linear. Mas é assim, as decisões têm que ter a força das coisas indiscutíveis, como se uma hipótese diferente de solução constituísse o maior disparate do mundo. A realidade tem uma grande componente subjectiva e a realidade económica mais do que qualquer outra. Funciona muito com base em expectativas, em estados de espírito que se forem positivos desencadeiam acções e iniciativas por parte de promotores que passam a ver oportunidades de negócio onde horas antes não viam nada.
- Neste momento, na área de implantação do aeroporto da OTA já está tudo a mexer. O Presidente da Câmara já pediu uma reunião com o respectivo membro do governo para tratar dos assuntos relacionados com a implantação do aeroporto, e o mesmo, estou certo, estará a acontecer no que diz respeito ao TGV. e as acções de certas empresas subiram imediatamente.
- E, sejamos honestos, são duas infra estruturas importantes, senão agora, seguramente no futuro e isso parece que quase todos o reconhecem. De qualquer forma, não me parece, que essa questão seja matéria de palpite. O futuro dos transportes na Europa e no mundo, quer no que se refere à aviação ou ao ferroviário é, com certeza, matéria estudada e as suas conclusões têm que ser decisivas na tomada das decisões. Se assim não for então saio já deste filme.
- Fica, portanto, a questão da oportunidade e eu disse-te que, neste momento de dificuldades, o que parceria mais aconselhável seria adiá-las e a grande maioria dos portugueses entendê-lo-ia perfeitamente. Já não estou completamente certo se a oposição concordaria com esse adiamento embora a sua atitude seja de oposição. Fica por demonstrar…
- De qualquer forma, a informação de que apenas 20 a 30% do investimento será efectuado com dinheiros públicos e que desses, uma parte será de fundos comunitários, parece-me ser um factor importante a levar em linha de conta na decisão.
- Mas também é interessante verificar que sendo os socialistas normalmente acusados de falarem muito e pouco fazer sejam agora atacados por terem decidido pôr mãos à obra.
- De qualquer maneira, de uma coisa gostaria de ter a certeza: que relativamente a este assunto das otas e dos tgvs ambos, governo e oposição, estão única e exclusivamente preocupados com o que cada um deles julga ser o melhor para o país, sem jogos partidários à mistura. Se assim for é a democracia a funcionar: governo a decidir e a oposição a opor-se. Nas próximas eleições legislativas lá estarei para emendar a mão ou não. O meu voto não tem dono é de quem eu julgar que o merece.
Xau. Vou jogar ténis.
Tio Quim
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- Desviem-se porque sou mais rápido do que a própria lux... Se não me virem é porque já passei. Resta aos passageiros apearem-se no vacuu da sombra dessa lux..
Cravinho aos comandos...
- Al^, Al^ - torre de controle... Quando faltam os "o" nas comunicações por vezes há acidentes...
- Já uma pessoa não pode ir à missa aos domingos, irrrrra...
- Este é o novel pica-bilhetes. Assim, Cravinho pilota, Ferro malha nos passageiros. E os que não pagarem vão borda-fora a 300 Klm. Confesso que a coisa mete respeito. Al´me de perigosa...
Meu Bom Tio,
Ainda bem que defendes o que defendes. Aqui não te acompanho - só pelo timing. Se me disserem que o TGV-OTA traz riqueza nacional no curto prazo; gera milhares de postos de trabalho; cria clusters para a economia nacional como fez a Auto-Europa em Palmela, etc, etc. Julgo que nada disso está garantido. O TGV importa tecnologia, a OTA tem a vantagem de tirar o ruído alí do Campo Grande e deixar dormir mais tranquilamente o Mário Soares e os patos e toda a gansalhada que navega no lago do Campo Grande, por entre barcos de casco roto, remos partidos, drogados em fúria e a ressacar pelo assalto não conseguido, folhas secas varridas pelos almeidas da Câmara Municipal de Lisboa - que por alí vegetam, etc. Em termos estruturais a coisa deveria realizar-se, mas Não agora. Eis o que penso.
Sou dos que pensam que se fosse possível desmontar e vender em lotes ou blocos pedaços dos Estádios de Futebol do Euro à estrangeirada era o primeiro a ir lá fazer o corte e a embalagem. Portugal tem-se dado ao luxo - por razões de prestígio nacional e internacional e para assumir compromissos anteriormente fixados - de construir castelos de areia. O povo portugês paga-os durante uma vida e só usufrui deles durantes 20 dias para ver uns jogos pela Televisão. É uma frustração. E porquê? Porque em Portugal qualquer político que defenda uma ideia contra os patos bravos e contra a mafia que se apoderou do mercado da futebolítica - como o Fernando Searas - e companhia - que viram no comentário desportivo um trampolim para ganhar notoriedade e, assim, mais facilmente entrar na política - são postos borda fora e nunca mais fazem política em Portugal. Portanto, o esquema é alinhar com os Patos Bravos, os comentadores de serviço, e toda uma plêiade de pastores da futebolítica que se apropriaram do futebol para ganharem milhões, atingir quotas de notoriedade (boas para o mercado eleitoral), terem estatuto e aparecerem nas revistas e nos pasquins da especialidade e o mais de superficial que compõe esse star-system. Um dos sub-sistemas mais corruptores do país.
O futebol poderia bem ser uma actividade ao serviço da colectividade, mas transformou-se no pior que as actividades especulativas têm. Muitas pessoas do meio - tornaram-se desprezíveis na medida em que acederam ao meio exclusivamente para se servirem dos holofotes que esse espectáculo proporciona. Nada mais. Muitos deles, como Ferenando Searas e companhia - não sabem dar um chuto numa bola, e, não raro, continuam a pensar que a bola é quadrada. O esquema é simples e merece ser desmontado e denunciado: quero ser famoso; tenho de ira para a TV dizer umas bacuradas; falar de kê???? - já sei - falo de futebol - vq é uma ciência apropriada por todos; ganho notoriedade; conquisto o poder local - ganho uma autarquia; não governo - só comento; e, à pala do futebol - tenho algum capital de notoriedade pública para traficar politicamente. Eis o esquema de que o Searás será um expoente em Portugal. É um esquema que é uma vergonha, e serve também para compensar fraquezas e narcisismos que só poderia ser resolvidos com uma entrada de Leão no mundo do futebol.
Pois é isso mesmo que penso de muitos que agora defendem a construção dessas duas infra-estruturas para o País. Agora Não. Em 2007 - se a economia assumisse a retoma, talvez. Mas primeiro, havia que pôr o desemprego nos 2 ou 3%, e a economia a crescer e a modernizar-se muito acima da inflação. E não é isso que se vai passar - dado que todo o know-how vem do exterior e os postos de trabalho que gera também não são dignos de registo. O TGV deve ser óptimo para países como a França ou outros que porduzem e exportam essas tecnologias que aqui os tugas compram. Depois, quando tivermos endividados para pagar a tecnologia e a manutenção aos exportadores dos equipamentos somos considerados um país modernizado. Logo, um alvo vermelho na escala do terrorismo em rede. Desse modo, a modernização do TGV ainda nos coloca na senda dos alvos a abater - dado que despertamos sentimentos de ódio, ressentimento e vingança por parte de fanáticos que são os novos bárbaros do séc. XXI. É óbvio que isto é uma caricatura, mas encerra um fundo de verdade. Queremos, afinal, tanta pressa para quê? E as estradas secundárias do interior de Portugal? E os hospitais que faltam às carradas? E o investimento na formação humana em todos os escalões de ensino - do primário ao universitário? E o sistema de justiça - que em muitos casos obriga os agentes de justiça a trabalhar em salas que não veda a chuva que cai dos céus? E a agricultura? e o raio que nos parta a todos...
Lá está, não temos dinheiro para mandar cantar um cego, mas integramos rapidamente os vícios dos países ricos. Este é tipicamente o complexo dos pequenos. Que agora se põem em bicos de pés - para ver o avião a aterrar noutras paragens e tomar o peadeiro a correr, dada a velocidade do novo TGV. Mas algumas vantagens terão, certamente...
Com a crise económica, social e financeira que tolhe o País - os portuguese têm cada vez menos possibilidades de mobilidade. E ainda por cima o País vai empenhar os deddos e os anéis para permitir aos tugas um comboio mais rápido e um aeroporto maior!! Afinal, para onde vão os portugueses com tanta pressa?
Será que eles querem ir? E se sim, vão para quê? Ora é a isto que os relatórios da tanga já veiculados não respondem. Mas é moderno andarmos a 300 Klm por hora. Assim, quando houver um acidente - os portugueses morrem como o James Dean. Morrem depressa.
Apesar de ele ir a 156 Klm num Porshe velhinho. E também não se sabe para onde ía com aquela pressa. Provavelmente, fugia dele próprio. Ou então ía ter com uma amiga... Ou ter simplesmente mais uma rebeldia de gigante que acabou por o matar na estrada. Enfim, as merdas das modernices às vezes parece que só têm uma vantagem: matarem-nos depressa. Talvez, assim não sintamos a dor da crise, nem das decisões que estiveram na base do TGV-OTA.
Outra das vantagens que vislumbra nesta parada, é a seguinte: um TGV terá, certamente, um sistema de vigilância mais sifisticado que possa prevenir a conduta daqueles bandos de selvagens que assaltam pessoas inocentes no regresso a casa - nos comboios da linha de Sintra e de Cascais. Mas com o TGV - a coisa mudará de figura, os polícias devem ser mais eficientes para acabar com a ladroagem de pé-descalço que emana das Covas da Mora deste Portugal que anda engravatado todo o ano e se assoa à gravata por engano, como diria A. O'Neill.
Nessa altura já não seremos assaltados pelos vagabundos do costume que andam de naifa na mão. Nessa altura se calhar somos assaltados pelos próprios seguranças ou então pelo maquinistas que não tendo nada pra fazer naquela nova máquina ultrasofisticada que se entretem a ajudar os seguranças a aumentar o ordenado que leva para casa ao fim do mês.
Viva o púuugresso
Viva a múdernidade
Viva Pútugal!
- De comboio em comboio, de "púgesso em púgesso" - até ao avião final. Estes passarão a ser os novos aviões que aterrarão no novel aeroporto da OTA. Que é como quem diz - a Organizaçãao dos Translúcidos Anónimos... Esperemos, então, que esses novos aviões passem a cair menos. E, se possível, levem oficina a bordo. Ou seja, os céus passam a ser equipados com oficinas e bombas de gasolina. Aí entra de novo a dupla: Cravinho e Ferro. Um pilota e outro malha; agora assumem funções diversas... Um é mecânico de aviões nos céus e o outro é o gasolineiro de serviço.