sexta-feira

A Lebre...e as pessoas e o cansaço (da fuga) para a Academia e a reforma do BP

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  • Lebres disfarçadas de pessoas; ou pessoas disfarçadas de Le....

Ruisinho

  • Por muito que me esforce para me convencer daquilo que sei há muito tempo, que a natureza humana está longe de ser um prodígio de lógica e que a cada passo nos surpreende pelo inesperado, apesar disso, desenvolvo sempre as melhores das intenções no que aos outros diz respeito quando as premissas apontam num determinado sentido.
  • Agora que a areia já está a começar a assentar sobre a demissão do ministro Campos e Cunha, quando este, com um grande abraço e troca de sorrisos, na cerimónia de posse, deseja as maiores felicidades ao seu substituto, tudo parece estar bem, dando mesmo a entender, dado o ar pacífico e cordial da cena apresentada perante os nossos olhos, que tudo foi previsto, concebido e ensaiado para ser assim. Ou seja, o académico de grande prestígio cede a sua pessoa para integrar a equipa governativa e dar assim, à equipa, um cunho de grande qualidade e credibilidade, e o político vitorioso, por sua vez, retribui-lhe com a possibilidade de acrescentar ao seu curriculum e experiência de vida, o desempenho de um cargo no governo do país com o prestigiado título de Ministro de Estado e das Finanças.
  • Mas, como intenções vulgares e mesquinhas não são próprias de pessoas inteligentes, nas conversas a sós que precedem a constituição dos governos, os objectivos políticos ficaram, igualmente, assentes: as medidas difíceis e impopulares seriam lançadas por um ministro independente dos interesses partidários e de competência indiscutível e por todos reconhecida e para isso 3 ou 4 meses bastariam. Depois, tal como se faz no atletismo, nas corridas de meio fundo, a “lebre” abandona a corrida e os verdadeiros corredores, os políticos que, poupados na primeira fase da corrida, chamam agora a si a responsabilidade de a continuarem até ao fim.
  • Mas esta é a minha imaginação delirante, a que se deixa seduzir pela lógica dos comportamentos e que, naturalmente, não acredita em desculpas circunstanciais como a tal de cansaço.
  • A realidade, pode, no entanto, ser diferente e surpreendente: os personagens em questão não são, afinal, pessoas nem tão inteligentes, responsáveis ou honestos, como todos julgavam, e na tal conversa a sós que precede a constituição dos governos e é decisiva, não houve a coragem, de parte a parte, de se acertarem ideias quanto ao que iria ser o essencial das decisões de um ministro das Finanças no que se refere às receitas e às despesas e só, no caso de haver consenso, haveria ministro. Por outras palavras, a política do Ministro das Finanças não pode ser diferente da política do governo que ele integra e isto independentemente de saber quem está certo ou errado.
  • Não vamos aumentar impostos, diz o 1º Ministro, provavelmente vamos ter que aumentar impostos, diz o Ministro das Finanças. Os projectos da OTA e do TGV, investimento público emblemático, vão ser implementados porque é preciso espevitar a economia, para além de que são projectos estruturais indispensáveis ao país num futuro próximo. Pois, diz o Ministro, mas tendo que recuperar até 2008 o défice para 3% não é possível, dados os montantes envolvidos e provavelmente a fraca rentabilidade no médio e mesmo no longo prazo desses projectos, pensar neles para agora.
  • Então, meus senhores, só agora descobriram que estavam em campos opostos relativamente a estas matérias decisivas na governação do país, ou prevalece a teoria da “lebre” que lança a corrida e depois das primeiras voltas sai da pista e deixa os verdadeiros corredores entregues a si próprios?
  • Mas, como sempre, a vida continua, agora com o Fernando Teixeira Santos, que também é Académico, Doutorado nos U.S.A., já com experiência de governação num governo do partido Socialista e, portanto, com outro traquejo para estas lides e que no discurso de posse, afirmou o que todos esperavam ouvir: “ vou seguir a política de rigor orçamental do meu antecessor”.
  • E eu, que sou ingénuo, pergunto: porque não o foram logo buscar de início? Por não ser tão independente como o Campos e Cunha ou porque, como académico, está a léguas de distancia dele, como já ouvi?
  • Agora, também já não interessa, o mal está feito. As pessoas, como eu, que acreditam nas virtualidades de um governo de maioria absoluta, por razões mais ou menos óbvias, ficaram chocadas com este episódio por aquilo que ele significa em desfavor da qualidade dos nossos políticos que não tendo feito, jamais, outra coisa na vida, parecem, às vezes, autênticos amadores.
  • Bem e eu que sou amador, hoje, vou jogar ténis.
  • Xau, espero que estejas melhor das tuas dores.
Tio Quim

Ai, ai.. - ainda falavam de mim.. Irrrrra))))

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