- Atendendo ao facto de que as ferramentas das TIC-DE (Tecnologias da Infomação e da Decisão Estratégica) podem ser usadas de forma aberta, e não estavam nos desígnios de quem as descobriu, não deverá representar qualquer surpresa que tal possa ter (também) sucedido nos media. Ou seja, nos meios de comunicação de massa que, de uma forma ou d'outra, acabaram também por surpreender os seus próprios inventores. E é aqui que reside a beleza da sociedade post-post-post-post-moderna: é que nunca ninguém sabe até onde chega o fio do rato. Apesar de alguns os utilizarem para caçarem gatos...
- No fundo, no fundo, lá bem no escuro do poço que só devolve ecos assustadores, as TIC-DE são o futuro, mas um futuro incerto, por vez excludente para milhões e milhões de homens e mulheres all over the world, que tentam dialogar como sapos em riachos sem água, e tentam beber sumo por palhinhas entupidas em esplanada onde as praias já estão poluídas e o sol tarda, e vão sugando, sugando, sugando até que acabam por morrer do próprio ar que inspiram - em vão. Esta é uma doença moderna. Ou melhor, post-moderna, como vimos supra. E o seu nome é a doença do excesso de O2.
- E tudo isto ocorre na sociedade da abundância, como J.K. Galbraith lhe chamou na década de 70 do século passado... Como estamos velhos. É uma emergência que mais pareceu um formigueiro que se explica desta forma: de facto toda esta blogaria é um tecido conjuntivo mais inteligente e talentoso do que a soma das suas partes, como vimos na Ameça dos Weblogues para frustração do jornalismo de poltrona em (http://macroscopio.blogspot.com) .
- Isto decorre da tal estrutura de nível superior em emergência, e que é imparável. E cresce, como um cogumelo gigaaaaaaante, da base para o topo. É o que se chama o down-top system. Para os amigos, o é esse cogumelo que "lixa" a vida (o status, o prestígio e a autoridade) aos velhos jornalistas que esperam pelas notícias através das brechas do estuque dos seus garbosos gabinetes. Pois em mais nenhum outro sistema de pensamento & acção do Mundo a coisa é mais talentosa do que a soma global deste novel tecido conjuntivo feito, fundamentalmente, de zeros e uns, como diriam os matemáticos e os engenheiros informáticos. Bom, mas eu não sei se o Engº Sócrates já sabe enviar mails... Ou será que é a secretária que ainda lhe os entrega por mão, como naquele spot publicitário que as TVs mostram à turba para nos alienarem ainda mais.
- Ou como alguém diria, nasceu a Rede mais Estúpida do Mundo, já que o valor aumenta quando a inteligência é dirigida para as margens - que agora querem galgar o centro. A WEB, tal como a conhecemos hoje, pela sua crescente diversidade, tornou-se, de facto, num poderoso sistema de publicação que os jornalistas de todas as áreas e sectores passaram a utilizar, agora com grande eficácia. E às vezes até são despedidos por isso, tamanha é a "eficácia"... Mas a ideia que está por trás de toda esta parafernália permanece no limbo das filosofias, das ideias puras, das grandes equações mentais, dos pensamentos mais abstractos, enfim, dos grandes sistemas. E não me refiro aqui à boçalidade recorrente (já com 3 décadas de existência) de Alberto João Jardim, que agora é solidário com Sócrates (e é o único ditador disfarçado de democrata em todo o Mundo).
- Refiro-me mais ao talento intelectual de Felix Guattari que, em rigor, nos vem dizer que esta galáxia que nos envolve é uma indispensável caixa de ferramentas na própria caixa de velocidades do carro que pilotamos. Uma máquina que pode ser um ecossistema próspero e em expnasão se, até lá, não nos estamparmos nalguma das auto-estradas de Portugal, as mais perigosas da Europa. Então cá vai a reflexão de Guattari, que tem um nome giro, faz lembrar aqueles nomes de papagaios exóticos que os parentes dos trópicos oferecem aos parentes distantes da Europa, para recordarem memórias passadas através do efeito de repetição. Tal como aquele anúncio da martini... Como eu gosto daquilo.. Aliás, sempre gostei, e depois de criança a coisa acentuou-se. Será por causa do papagaio!?
- Diz Guattari:
- "O desejo é sempre extraterritorial, desterritorializado, desterritorializante. Ele passa por cima e por baixo de todas as barreiras" [Felix Guattari] ". (...) Existe para o homem a possibilidade de ele mesmo ser o fundador de sua própria lei? Ou estará condenado a permanecer sempre em rede?"
E depois ainda vai longe, e defende:
- "As máquinas técnicas funcionam, evidentemente, com a condição de não serem estragadas. As máquinas desejantes, ao contrário, não cessam de se estragar funcionando; só funcionam quando estragadas. A arte utiliza com frequência esta propriedade, criando verdadeiros fantasmas de grupo que curto-circuitam a produção social com uma produção desejante, e introduzem uma função de estrago na reprodução das máquinas técnicas" [Deleuze e Guattari, O Anti-Édipo]