Ruisinho:
Perguntas tu: e porquê verde? O meu Sporting ganhou ontem à noite com um golo do Tello que foi uma autentica obra prima de beleza e precisão. A trajectória descrita por aquela bola não faz parte do calendário da balística. Apenas na geometria espacial do Einstein encontramos algo semelhante. Ficamos momentaneamente à frente do Campeonato, mas tenho que gerir com descrição as emoções pois os resultados têm a ver, fundamentalmente, com o aleatório que ninguém controla. Espero que na pior das hipóteses (já estou a pôr de parte os “morcões”) poder contribuir para a alegria da Gra, do filho da Gra, do Felipe - e de mais 6 milhões de portugueses (números do inimigo).
Regressemos à cor normal para te dizer que me considero um homem com sorte, muita sorte.Eu gosto de enfatizar a sorte porque tenho a sensação que a minha vida tem sido uma viagem ao sabor dela. Distraído como sou a maior parte do tempo nem no leme segurava e depois para quê? Quem me assegurava que eu era mais competente que o piloto automático?.
Nunca me empenhei muito com a vida.Vistas bem as coisas, embora tenha sempre procurado fazer as minhas obrigações, acho que por uma mera questão de honestidade, nunca fui competitivo porque nunca me teria sentido bem se o fosse. Conheci tipos competitivos desde os bancos da escola e, sinceramente, nunca gostei do estilo. Como vês nos tempos de hoje, quando só se fala em competitividade a única hipótese que me restava era dedicar-me ao ténis e trocar mails com um sobrinho que tem um vulcão na cabeça e que descobri lá para os lados de Carnaxide .
Aos 66 anos a velhice é para mim uma ficção: da última vez que corri 2500 metros tirei 20 segundos ao meu tempo anterior, chego mais fresco ao fim de uma hora de ténis que os meus colegas que têm menos 15 anos que eu, há 3 anos que vivo com a minha parceira de todos os dias uma situação consolidada de lua de mel. Por tudo isto não posso deixar de me rir um pouco interiormente quando viajo para Lisboa com os bilhetes da terceira idade. É como se estivesse a enganar a CP. Finalmente, e tão importante como tudo o resto, vivo sem angústias ou quase, porque o mundo dos afectos sempre nos trás as suas preocupações….
Desculpa meu querido sobrinho, tu para aí com as tuas preocupações e eu egoisticamente para aqui a falar de mim, das minhas perfomances, agora sim armado em velho tonto mas no dia 31 às 18 horas lá estarei em Carnaxide a dar-te, em meu nome e em nome de toda a nossa família um grande abraço de parabéns e de boa sorte.
Meu Bom Tio Quim,
Agradeço-te a resposta. Fazes umas considerações sobre a velhice, a forma física, a teoria da competição, o ténis, no fundo, sobre a existência e a Vida - que me deixaram a pensar. A pensar no tempo. No nosso tempo, que agora parece ter outra velocidade. Quanto ao Sporting - que respeito - só te posso adiantar o seguinte: espero que dentro de dias, na Luz, ou seja no Glorioso, possas perceber a diferente entre o leão e a Águia - e que possas arrecadar uma valente derrota. O problema dos leões é que quando não têm caça e ficam esfomeados, como bem sabes, têm de olhar para os céus em busca duma bússola que os oriente na direcção da caça cá em baixo. E a Águia, mesmo quando perde, está sempre lá por cima, em altos vôos - cruzando as nuvens e orientando os leõezinhos cá em baixo. Os mesmos que daqui a dias irão provar o sabor da derrota. A derrota no Estádio da Luz. Nem que para isso tenhamos que reinventar a composição da equipa.. É que os leões quando vêem muita caça ficam logo desnorteados, e isso é meio caminho para desguarnecerem a defesa e perderem. Por isso não tenho dúvidas que o meu clube da Águia irá fazer o seu dever, que é ganhar com honra e mérito. Além de que a Águia - por coabitar as alturas - é o animal do mundo que mais próximo está de Deus.. E isso vale mais do que a compra (leia-se, a corrupção) do que todos os árbitros do mundo). Toma..
- Diz lá se esta não é uma equipa. Atendendo ao género...