sábado

Sociedade da Info-globalização

  • Um pequeno contributo para a Conferência sobre a mobilidade na SI

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  • Programa do Encontro "(...) a escola (...) deve tornar-se num espaço onde são facultados os meios para construir o conhecimento, atitudes e valores e desenvolver competências."

    In MSI, 1997
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  • Muito se tem teorizado sobre o que é a globalização: um processo segundo o qual as actividades decisivas numa esfera de acção (economia, ambiente, tecnologia, crime organizado, conhecimento) funcionam como unidade em tempo real no conjunto do planeta. Trata-se, pois, de um processo historicamente novo, distinto da internacionalização e da chamada economia mundializada.
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  • A novidade reside no facto de só na última década se ter constituído um sistema tecnológico (leia-se – de telecomunicações, sistemas de informação interactivos e transporte de alta velocidade no plano mundial ao serviço de pessoas, bens e culturas) que torna possível essa globalização.
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  • Em Portugal, com a entrada em funções do XV Governo constitucional criou-se a Unidade de Missão para a Inovação e Conhecimento (UMIC) coordenada por D. Vasconcelos; outro dos rostos visíveis desse processo de transformação de “Portugal Digital” – é o economista Jaime Quesado, gestor do Programa Operacional da Sociedade da Informação (POSI) - que está agora de saída, como é óbvio). O objectivo estratégico destas acções é criar “cidades digitais” potenciando plataformas de inovação e competitividade que permitem tornar o “governo electrónico” numa alavanca da reforma da Administração Pública tornando, pela via do exemplo, a sociedade civil também mais competitiva. Para o efeito, é necessário estreitar as relações da universidade e institutos politécnicos com as empresas; gerar novas formas de cooperação e inovação entre agentes públicos e privados.
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  • O “campus” virtual é uma das ideias a implementar, copiando, aliás, o que se passa (com sucesso) no universo académico anglo-saxónico. A novidade do projecto “Portugal Digital” distingue-se pelo facto de pela 1ª vez no país estar a ser pensada uma rede de nós virtuais de forma integrada. Por forma a que em 2004/05 quase uma centena de estabelecimentos de ensino superior tenham aderido à iniciativa que visa colocar Portugal numa posição de liderança europeia. Os projectos-piloto que serão dinamizados já no início de 2003 no âmbito do POSI (e em escolas de alta densidade populacional), permite avaliar da vontade política em “webizar” a sociedade portuguesa.

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  • Como? A massificação dos portáteis e o acesso generalizado à Net (dentro e fora da academia), é um desses indicadores. Esta medida, mediante condições de crédito favoráveis (negociadas com a banca e os operadores de telecomunicações), juntamente com protocolos com os principais fabricantes (Toshiba, HP/Compaq, Apple, Fujitsu-Siemens, IBM, Dell – já para não falar na Airis - multinacional espanhola líder de vendas na Península Ibérica) pode acelerar os objectivos da UMIC.

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  • Pensa-se que para as configurações dos portáteis sejam disponíveis placas de rede para acesso sem fios com tecnologia IEEE 802.11 (vulgarmente conhecida por WI-FI/Wireless Fidelity). A vantagem desta tecnologia permite uma ligação à rede local das universidades e ainda um pacote de acessos ADSL (cabo em banda larga) de modo a que os portáteis possam ser utilizados extra-academia. Para que os preços de utilização de telecomunicações sejam competitivos o Governo estabeleceu um protocolo com operadores (Sapo, Clix, IOL, ONI, Tvtel e Cabovisão) assegurando, assim, a oferta de banda larga em Portugal. A ser conseguida esta revolução tecnológica silenciosa em Portugal, que revoluciona métodos de trabalho e formas de conceber (e partilhar) o próprio conhecimento, irá beneficiar os alunos, os professores, os funcionários administrativos, os estabelecimentos de ensino e o país na sua globalidade.

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  • As vantagens de ter um país (com todos os seus centros de produção estratégica) a funcionar 24h. por dia de forma digital são óbvias em termos de produtividade. Além da própria formação intensiva em tecnologias da informação a todos os agentes, diminuindo o “gap” geracional entre discentes, docentes e funcionários. Porventura, os alunos aprenderão melhor assistindo a aulas em que os docentes apresentam as matérias em aplicações do tipo “power point”; poderão ainda, por ex., ter acesso facilitado aos serviços académicos sem a rigidez burocrática do costume; consultar as suas notas “online”, adquirir “e-books”, pesquisar sebentas e relatórios e levantar um Curso de Relações Internacionais, Princípios de Ciência Política, ou informação sobre ONGs e a crise do Estado - ou qualquer outra bibliografia na área das Ciências Sociais e Humanas (e outras).
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  • A ideia geral é maximizar recursos e tornar mais eficientes as relações entre as universidades e politécnicos e o conjunto da Administração (em particular o Ministério da Ciência e do Ensino Superior), um agente muito especial na dinamização do sucesso do Portugal Digital. Naturalmente, todas estas acções no terreno só ganham fôlego e dimensão política se forem observados vários princípios. A saber: 1) subsidiariedade (já entronizado no “acquis” comunitário) – permitindo que cada instância faça aquilo que melhor sabe fazer pela via da descentralização da decisão; 2) flexibilidade – permitindo ao Estado (agir como uma “task-force”) actuando num contexto de mudança contínua sem perda de qualidade e competitividade nas suas funções económicas, sociais e de regulação política; 3) coordenação – estabelecendo mecanismos permanentes de cooperação com as várias instâncias de decisão (locais, regionais, nacionais, supranacionais e globais) a operar na rede; 4) participação/cidadania – que é o garante da legitimidade de todas as decisões e intervenções do Estado conhecidas e entendidas pelos cidadãos; 5) transparência administrativa – de molde a assegurar não um governo de anjos mas um mínimo de corrupção e nepotismo. Não sendo suficientes os controles internos do Estado, abre-se mão dos controles externos, ancorados na sociedade, os quais através das TIC permitem o acesso directo dos cidadãos a todas as informações administrativas (não confidenciais).

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  • Basta que a modernização tecnológica da Administração se faça, pois o Estado-rede requer o uso continuado de redes informáticas e de telecomunicações avançadas. Mesmo que não resolvam tudo, essa modernização requer investimento em equipamento, mas sobretudo capacitação em recursos humanos e um redesenho das instituições políticas.
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  • Talvez seja uma boa “receita” para o Estado prevenir o desenvolvimento de um proletariado “à la Blade Runner”, cujo destino seria o daqueles que não se conseguindo adaptar à era da informação e da globalização competitiva, testemunharia o emergir de uma subclasse revoltada, amargurada e violenta pronta a explodir.
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  • Afinal o que é o Estado-rede senão a adaptação a uma específica forma de sobrevivência do Leviatã na era da info-globalização!? A administração flexível e conectada das cidades digitais unindo Portugal inteiro, é o instrumento indispensável do Estado-rede.

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Assim sendo, o desígnio de Portugal Digital rima com a reforma da administração, que precede a administração da reforma. Por em prática este esquema de reforma pode ser uma utopia. Mas verdadeiramente utópico é pensar que o Estado actual possa sobreviver aos embates da economia global e das sociedades nacionais mantendo uma máquina burocrática e formas de gestão de um tempo histórico do passado.
    Este texto foi publicado no
    Semanário - Euronotícias,
    Publicado a 10 de Janeiro de 2003
    Hoje revista TEMPO



    Post-scriptum:
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    Vemos aqui o grande impulsionador dos estudos de área: a sociedade em rede, combinando a política com os negócios e a tecnologia e alguma mudança social. Vemos um Castells mais velho e conservador; depois vemos um Castells mais jovial e reformista; por fim vemos o velho neomarxista que fazia planeamento urbano e nunca pensava atingir tanto sucesso. Mas ainda bem que o atingiu, porque a trilogia é consistente e correu mundo. Depois o homem é também um castelhano, nosso irmão. Enfim, o homem é uma galáxia de conceitos, de saberes e de competências que deve muito ao ambiente de Silicon Valley..


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    Aqui em baixo, mercê das elásticas teorizações daquele cientista social, vemos algumas aplicações em rede. Pois como é consabido há inúmeras redes. Elas têm muitas utilidades. Umas servem para disciplinar o caos, impor uma caologia para ordenar o mundo desordenado. Outras redes servem para uma boa tarde de lazer, depois de uma sardinhada ao ar livre, por exemplo. E outras redes ainda servem para outras coisas cuja teorização não disponho neste momento. Só sei que há uns anos um pensador respondeu assim a um amigo:

    Como poderei eu, com aquela rapariga ali sentada,
    Concentrar-me
    Na política de Roma, da Rússia
    Ou da Espanha?

    Ou de Portugal, direi eu..
    De facto, as redes servem para muita coisa, até para apanhar peixe. Por vezes servem para nos matarmos.. enredados nas suas próprias teias, que deixamos de controlar..

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    Caro A. Mendes - fazer isto ao som de Modjo não é mau, mas ao som de Djavan sabe melhor... Sobretudo, se for o velhinho Lilaz...(pôr-do-sol..) de 1985 (salvo erro). Era você um "puto"..., e eu um puto sénior - então com 19 anos, dos 38 que conto hoje. Não é isto admirável - na rede do conhecimento e na teia da Idade que nos dá a ilusão da eternidade!?