O meu Tio Quim - foi para os Açores uns dias. De lá trouxe alguns registos que partilhamos com gosto. A saber:
1) a produção leiteira
2) a felicidade das vacas dos Açores por contraponto à infelicidade das vacas do "contnente"
3) a inseminação artificial
4) a ordenha in loco
5) a reacção das vacas ao vento
6) a sua relação com a Liberdade e a vivência da própria maternidade
7) o equilíbrio das vacas, ou seja, porque razão não rebolam desafiando, assim, a lei da gravidade
8) a companhia (funcional) dos cavalos
1) a produção leiteira
2) a felicidade das vacas dos Açores por contraponto à infelicidade das vacas do "contnente"
3) a inseminação artificial
4) a ordenha in loco
5) a reacção das vacas ao vento
6) a sua relação com a Liberdade e a vivência da própria maternidade
7) o equilíbrio das vacas, ou seja, porque razão não rebolam desafiando, assim, a lei da gravidade
8) a companhia (funcional) dos cavalos
- Parece que amanhã - vem a impressão sobre as gentes locais. O que não deixa de ser interessante esta prioridade aos animais - seguida dos registos sobre as pessoas. Curiosamente, e noutro contexto mais macro-social, fiz uma reflexão no outro blog - o macroscopio - sobre um novo conceito que anda por aí a fazer carreira: as vacas-pessoas em que nos tornámos. A reflexão tem nome e chama-se: Uma família de vacas. Gente Feliz com Lágrimas. Bom, mas isso é outro pasto, que dará, porventura, outro leite e carece duma ordenha também diferente.
- Seja como for, e para além das perguntas dos leitores sobre o destino do meu Tio - cá estão as explicações. E vêm com muito leite desta vez... Amanhã as pessoas, depois das vacas...
- Nota Benne: advirto os leitores que algumas destas vacas se posicionam propositadamente no meio dos texto.., como que querendo interromper as suas frases ou completar o seu sentido. Enfim, parecem querer participar na construção das narrativas. Foi também esta a forma pela qual - segundo me pareceu - o meu Tio viu as vacas nos Açores. As vacas para mim são um enigma. Um dia gostaria de ser vaca por uma hora - só para poder gozar de dois tipos (e "meio") de sensações:
a) sendo vaca - como percepcionaria eu as formas humanas??
b) sendo vaca - que sensação teria ao tirarem-me o leite - quer à mão quer por via de ordenha mecânica?
c) o "meio" de que falo - seria equacionar o que seria um par de vacas jogando ténis...
b) sendo vaca - que sensação teria ao tirarem-me o leite - quer à mão quer por via de ordenha mecânica?
c) o "meio" de que falo - seria equacionar o que seria um par de vacas jogando ténis...
- Um dia, uma vez que é mais fácil, podem fazer essa experiência com gatos. Basta pôr-lhes casca de nozes (atados com elásticos) nas patas dianteiras.. Depois é só vê-los dançar ballet contemporâneo.. Será que com as vacas a coisa também seria assim?! Agora imagine que põe um CD de música clássica na sua hi fi - e se senta no seu sofá usufruindo desse belo espectáculo: de um lado, as vacas a jogando ténis; do outro os gatos a fazendo ballet... Não é isto admirável!?
- Resolvido isto acho que também se abateria parte desse meu enigma do que é ser vaca. As vacas felizes dos Açores que o meu Tio descreve abaixo. Embora o enigma dos enigmas seja o destino da morte - a que as vacas - mesmos as mais felizes - também não escapam. Ora vejam...
Rui
Ruisinho:
- Digam o que disserem não há nada melhor para se conhecer uma terra do que ir a essa terra. Parece uma verdade de La Palice mas não o é tanto porque, na verdade, tudo quanto vi já conhecia ou pela televisão, filmes, jornais, fotografias. No entanto, nada melhor que os nossos sentidos para nos darem a realidade das coisas, neste caso das terras. Não é preciso ir aos Açores para saber da sua importância no sector da produção leiteira. Mas isso é o que nos diz a estatística e as estatísticas, ainda que variando os números, são todas iguais.
- E, neste caso, o que as estatísticas não revelam é a felicidade das vacas açoreanas que hoje, só não é maior, porque grande parte delas emprenha por inseminação artificial em consequência destas modernices que os donos das vacas inventam, de certeza sem as consultar.
- Quanto ao resto foi um prazer vê-las, em liberdade, criando os seus filhinhos em contacto com uma natureza amena, em férteis prados de onde nunca saem, de noite ou de dia, faça chuva ou faça sol, porque frio, esse, nunca faz. Os respectivos donos levam os mecanismos de ordenha até ao locais onde elas se encontram e elas presenteia-os com uma quantidade de litros de leite que chega a ser o dobro das vacas do “contnente”, que vivem, coitadas, enclausuradas, entaipadas, quase sem espaço para poderem sacudir as moscas com o rabo. Pobres infelizes….
- Quando chove, e eu tive oportunidade de verificar isso, viram o rabo para o vento e baixam a cabeça porque não gostam de apanhar água no focinho. Sinceramente, não me pareceu que a diferença fosse grande, mas se a vaca se põe naquela posição é porque entende que tira alguma vantagem. As vacas não são estúpidas e muito menos as vacas felizes. Mas alem de felizes, algumas delas, as que vivem nas encostas mais inclinadas, desenvolveram técnicas admiráveis de equilíbrio e conseguem manter-se na vertical quando o mais provável seria rebolarem por ali abaixo. Inclusivamente, quando se deitam, não dobram as pernas em simultâneo porque aí rebolavam mesmo. Em vez disso, fazem o exercício em dois tempos. Primeiro, flectem a mão e a perna do lado mais alto do terreno enquanto, as do outro lado, se mantêm esticadas como se fossem canadianas. Depois, descem todo o corpo, devagar, dando-lhe uma inclinação que contraria a do terreno e lá ficam, felizes, a ruminarem. E se ao pé destas vacas vires um cavalo és capaz de pensar que ele está lá como elemento de companhia, ou, quem sabe, por causa da biodiversidade. Talvez, mas ele tem uma missão específica. É que dada a inclinação do terreno só ele é capaz de levar a àgua para as vacas beberem e trazer, para baixo, o leite que elas dão.
- Sinceramente, depois do que observei e me foi explicado, não posso deixar de associar a felicidade das vacas à sua alta produtividade, e se alguma coisa existe de comum entre o nosso mundo e o mundo das vacas, então srs. empresários, que é como quem, diz patrões de todo o mundo, no vosso próprio interesse, contribuam para a felicidade dos vossos empregados.
- Hoje, falei-te das vacas, e sem o mencionar, indirectamente, falei também dos açoreanos de uma forma abonatória. A manhã tentarei dizer-te mais alguma coisa deles.
Xau . Boa Noite
Tio Quim